sábado, 6 de julho de 2013

Há quem se espante diante da minha resistência aos sagrados laços do matrimônio.

Há quem se espante diante da minha resistência aos sagrados laços do matrimônio.
Ora, o amor permanece onde sempre esteve: na carícia, no respeito, na preocupação com o outro, na saudade.
O amor está no sanduíche da madrugada - um pãozinho com queijo e presunto e tomate e beijos, mais uma pitadinha de orégano - para matar a fome súbita da namorada. O amor depois do amor.
Está no telefonema inesperado, no bilhete, na flor arrancada do arbusto na calçada.
Na rua também está, no braço que oferece ajuda, no cuidado ao driblar os carros parados bem em cima da faixa de pedestres.
O amor está na livre e espontânea vontade.
E na paixão.
A paixão que consome e queima, que destrói sem pedir licença e nem dá bola para os conselhos do padre.
No sexo.
No mais animal dos instintos o amor está. Urgente, primitivo, está na trepada selvagem. No gozo, no jorro, nas unhas enterradas na carne do outro.
O amor pode até estar lá, entre tules e alianças de ouro.
O amor, a paixão, o sexo.
Sim, podem estar lá.
Ou não.
Muitas vezes nem chegam a existir.

(Maria Beatriz)

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