domingo, 29 de julho de 2012

Aos meus amigos, dou o meu tempo e minha poesia. Dou minha fidelidade de amigo e minha palavra sempre atenta de otimismo. Aos meus amigos, deixo a minha poesia e minha sensibilidade de poeta, que mesmo sendo crítico de problemas sociais, ainda assim, lhe sobra tempo para falar de amor e de poesia.


Que a paz e a beleza dos girassóis iluminem o final de semana de todos vocês!


(by Rubi Valente)

ESPERENÇA


Não! A gente não morre quando quer,Inda quando as tristezas nos consomem.Há sempre luz no olhar de uma mulherE sangue oculto na intenção de um homem.
Mesmo que o tempo seja apenas dorE da desilusão se fique prisioneiro.Vai-se um amor? Depois vem outro amorTalvez maior do que o primeiro.
Sonho que se afogou na baixa-mar,De novo há de erguer, cheio de fé,Que mesmo sem ninguém o suspeitar,Volta a encher a maré.
Não penses que jamais hás de achar fundoNem que entre as tuas mãos não terás outra mão.Pode a vida matar o sonho e o sol e o mundo,Mas não nos mata o coração.

(Maria Helena)

Despedida



Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

               (CECILIA MEIRELIS)

"A solidão é amiga, inimiga, companheira ou até mesmo confidente.
Ela no fundo não tem cara, nem identidade.
Ela é silenciosa, como o silêncio mórbido daqueles que se foram.
 Ela se "veste" em nós, por mais que a gente pense em ficar desnudo.
A solidão é feroz, sagaz e nos impõe o seu momento de aparecer...
Ela não mostra a língua para nós, ela não é engraçada,no fundo, é triste, tal qual a quarta-feira de cinzas para o folião...
A solidão tem um séquito de amigos, o baixo astral, o egoísmo, a ingratidão e o amor platônico...
Ah!!Esse amor platônico...
Até parece que ele e a solidão fazem um conluio para nos entristecerem..
Mas tal qual aquele folião, vou botar de novo meu bloco na rua.

Mesmo sabendo, que não é época de carnaval."
(by Rubi Valente)

DOCE ESPERA



Vem a luz, pela manhã, prometendo
Um dia glorioso, ensolarado;
Eu, porém, passo as horas revivendo
As delícias que tive a teu lado...

Chega a tarde, revoando a passarada,
Com um mágico pôr-do-sol a celebrar;
Eu, porém, usufruo quase nada,
Continuo nosso encontro a relembrar...

Quando o manto da noite estrelada
Esparrama vaga-lumes pela estrada,
Cobrindo a vida, abraçando o luar,

Aí, sim! Eu me encho de alegria,
Que chegou a hora mais feliz do dia:
O momento em que vou te reencontrar...


(Oriza Martins)

Portugal**



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

( Florbela Espanca )

soneto de inspiração



Não te amo como uma criança, nem
Como um homem e nem como um mendigo
Amo-te como se ama todo o bem
Que o grande mal da vida traz consigo.

Não é nem pela calma que me vem
De amar, nem pela glória do perigo
Que me vem de te amar, que te amo; digo
Antes que por te amar não sou ninguém.

Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa é de te amar - soubesse eu ver

Através da tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer.

      ( VINICIUS DE MORAES)

Não sou sempre flor.
Às vezes espinho me define tão melhor.
Mas só espeto os dedos de quem acha
que me tem nas mãos.


(Marla de Queiroz)