sábado, 29 de setembro de 2012


Tão forte, tão dona de mim e tão solitária. Para que tanta coerência. Quero jogar fora as inutilidades e ficar com o que não é certo, se é que não é certo.
O mundo vai se repetindo a girar. E eu que esperava que a força da gravidade fosse acabar no tempo em que eu amava.
Agora sou displicente. Que delícia ser displicente. Gosto do sabor das palavras - dis - e vou mordendo - pli - os pedaços - cente. Sente? Delícia esquecer, assustar e reconhecer uma saudade fantasma de vontade de viver.
Diga, moça, o que você está sentindo?

- Pés inquietos, coração palpitante, sorriso bobo no rosto, olhar perdido.

- Hm. Olha, querida, já tenho o meu diagnóstico. Está preparada?

- Não sei, mas... Diga.

- É paixão. É das fortes.

- Oh, doutor, isso tem cura?

- Cura, não. Mas tem prognóstico.

- E qual é o prognóstico?

- Sinto dizer, querida, mas... É Ruim. Péssimo.

- Meu Deus. E agora, há algo a ser feito?

- Se entregue de vez à doença e tenha a mais feliz das mortes, querida. É o jeito.

( Fernanda Roldi)
Ninguém vive a dor alheia, isso eu já sabia.
Cada um sabe o que passa, isso é a mais pura verdade.
Escrevo o que preciso escrever.
Sou tranquila em meus sentimentos, mas sou humana.

(Fernanda)

Eu penso demais.
E por pensar demais tenho problemas. Comigo mesma.
O desejo de ser perfeita, consciente de que é muito melhor ser a Miss Imperfeita (citando Martha Medeiros...)
Sinto falta de quem sumiu.
Sinto saudade de quem não devia.
Tenho ciúme de amigos.
Quero mais do que já consegui.
E aí penso, penso, penso...
Onde errei?
O que esqueci?
Exagerei?
E sofro. Horrores!
Porque sei que o ciúme é descabido.
Que a saudade não é recíproca.
Que a falta que sinto não é merecida...
E ainda assim me permito querer mais.
E querer melhor.
E aí penso mais.
Só eu que penso uma coisa quando faço outra?
Só eu quero mais sem achar que estou errada?
Só eu acho que tudo isso é normal?
Só eu penso o que será que pensam de mim?
Só eu penso o que querem de mim?
E porque querem de mim?
Não consigo evitar o pensar.
Faz parte da minha essência.
E nem me digam “de pensar morreu o burro”
Porque de burra nada tenho.
Apenas teimosa. Às vezes incrédula. Ingênua talvez.
Mas que pensa demais.

(Renata Plothow)http://blogdanef.blogspot.com.br/

"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar."

(Clarice Lispector)
Amor, amor

Madrugada, Azul sem luz, dias de brinquedo 
linda assim me veio e eu me entreguei
Inocentemente, como um selvagem, 
como um brilho esperto dos olhos de um cão
Amor, amor, diz que pode depois morde pelas costas sem
querer
Amor, amor, assim como um leão caçando o medo
Meu caminho nesse mundo eu sei vai ter,
um brilho incerto e louco
Dos que nunca perdem pouco, nunca levam pouco
Mas se um dia eu me der bem, vai ser sem jogo
Amor, amor, fiel me trai e me azeda, me adoça e faz
viver
Amor, amor eu quero só paixão sobre os segredos
Amor, amor, diz que pode depois morde pelas costas sem
querer
Amor, amor, assim como um leão caçando o medo
Amor, amor eu quero só paixão fogo e segredos

(Cazuza)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(Mario Quintana)

Era uma vez um pequeno menino que vivia em um orfanato.
O pequeno menino desejava poder voar como um pássaro.
Era muito difícil para ele entender porque não podia voar.
Havia pássaros que eram menores que ele, e eles podiam voar...
- "Por que não posso voar?" ele pensava.
"Tem alguma coisa errada comigo?".
Um dia, o pequeno menino fugiu do orfanato.
Correu, correu e correu muito
até que descobriu um parque onde crianças corriam e brincavam.
Ele viu um outro pequeno menino
que não podia correr e brincar com as outras crianças.
Era aleijado...
O órfão se aproximou do menino e perguntou:
- "Alguma vez você já quis voar como um pássaro?".
 - "Não" respondeu o menino que não podia caminhar ou correr.
"Mas eu gostaria de caminhar e correr como os outros meninos e meninas".
- "Isso é muito triste". Falou o menino que queria voar.
"Nós podemos ser amigos?"
 - " É claro que podemos!", respondeu o outro.
Os dois pequenos meninos brincaram por horas.
Fizeram castelos de areia...
Emitiram sons engraçados com as bocas...
sons que os fizeram rir bastante.
Então o pai do pequeno menino veio com uma cadeira de rodas
para apanhar seu filho...
O pequeno menino que queria voar
se aproximou do pai de seu novo amigo
e sussurrou algo em seu ouvido.
- "Isso seria ótimo" disse o homem.
O pequeno menino, que sempre desejou voar como um pássaro,
correu até o novo amigo e disse:
- "Você é meu único amigo
e eu gostaria que houvesse algo que eu pudesse fazer
para você caminhar e correr como os outros meninos e meninas.
Mas eu não posso. 

Porém, tem algo que eu posso fazer por você".
O pequeno menino órfão virou-se
e pediu ao amigo que subisse em suas costas.
Depois ele começou a correr pela grama.
Mais rápido e mais rápido ele correu,
enquanto levava o pequeno menino aleijado às costas.
Cada vez mais rápido ele corria pelo parque.
O vento assobiava em suas faces.
O pai do pequeno menino começou a chorar,
vendo seu pequeno filho aleijado
agitando os braços para cima e para baixo,
soltos ao vento, enquanto gritava bem alto:
- "EU ESTOU VOANDO, PAPAI... EU ESTOU VOANDO"!
E realmente "voava", feliz...
com as ASAS DA AMIZADE.

(Roger Decano Kiser)
''Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos.''

(Luís Fernando Veríssimo)

“O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.”

(Luís Fernando Veríssimo)

"Um dia por favor 
pare de ligar para o que sai da boca dos outros 
e passe a se importar 
com o que você pensa."
Quando olho para mim mesmo, não gosto do que vejo. Mas quando olho para você, gosto muito menos. Os amigos desaparecem no momento exato em que você precisa deles. O mundo te machuca. As pessoas te empurram nas filas, dentro dos ônibus, nas esquinas. Tudo grita na sua cara que você não vale absolutamente nada. Quando olho para você, quando olho para mim, não posso evitar de pensar que o homem é apenas um animal que não deu muito certo.

(Caio Fernando de Abreu)