sábado, 28 de julho de 2012


Saudade, você tem nome...


Vive comigo a saudade,
Mas não serve, na verdade,
Para aliviar-me a dor,
Teima em não se revelar,
Quer anônima ficar,
Pra meu total dissabor.


Saudade, você tem nome...


Saudade, dissimulada,
Deixa minh’alma arrasada
Sem ter dó, sem compaixão,
Quer ver meus dias sombrios,
Meus sentimentos vazios,
Saudade é escravidão.


Saudade, você tem nome!...


Saudade, você tem nome,
Um nome que me consome,
Mas que eu guardo em segredo
(De revelar tenho medo)
Um segredo-obsessão
Que detona o coração,
De um amor proibido,
Que dói, jamais esquecido,
Prego em meu peito cravado,
Um caso mal resolvido,
Um sonho esmaecido
Nas brumas do meu passado...
Oriza/2007

NOSTALGIA


Doce recordar, Será magia?
Será a doce nostalgia?
Será a doce lembrança?
Do amor de algum dia
Do amor que não esqueceu
Um amor que não morreu
Gravado sempre ficou
Jamais deixar de recordar
Essa ternura de amar
Recordar esse farol
Como marinheiro do alto mar
Deuses!... Como consola amar
Ternura que se estendeu
Esse alto mar não perdeu
A ternura, a nostalgia, a esperança
Sempre o acto de muito amar
Pensamento a navegar
A nostalgia nunca vai minar
A grande ternura de amar
Esperança e nostalgia,
Podem encerrar magia
O tranquilo acto de amar
De alguém que está a regressar
De novo o alto mar
Por perto seria mais fácil amar
E... de novo a doce nostalgia
De ter amado alguém um dia

(Daniel Costa)

Sobre mim...



Acredito na reencarnação, na justiça divina, na comunicação entre encarnados e desencarnado. Cultivar a paz interior é a grande sabedoria da vida, assim como a percepção das nossas reais necessidades. Combato o consumismo, o egocentrismo e o culto à beleza física. Aceitar-nos e buscar melhorar sempre são atitudes sábias.

Descem a encosta dos montes
As águas frias, barrentas,
Resultantes das tormentas
Que assolam suas fontes…
Assim também os meus sonhos
Resvalam pelas vertentes
De lutas intermitentes
Em ingratos horizontes…
As águas dos temporais,
Limpas, cíclicas, retornam
E a natureza transformam
Em fascinantes caudais…
Mas meus ciclos de bonança
Relutam em retornar
E novas chances me dar
De ver os sonhos reais…
Se a água pura, em descida,
Fertiliza a natureza,
Sacraliza com beleza
A união que gera a vida,
Nos ciclos de meu viver
Dissolvem-se as esperanças
Mescladas com as lembranças
De cada ilusão perdida…


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

(Cecília Meireles)

Fazer do próprio caminho o corpo do outro a ser percorrido
e apreciado na minunciosidade das paisagens,
sem atalhos a serem percorridos,
um andar de mãos, em passos lentos...de dedos,
coisa de pele e pêlos,
por entre sabores , texturas e cheiros
....o outro é sempre um mundo de descobertas,
e nós somos pro outro um mundo a descobrir.

(Erikah Azzevedo)

Dedos que reconhecem-se ligeiros,
por outrora devagar..
dedos e mais dedos,
a descobrir segredos,
por entre as pernas,
nos tantos caminhos a travar, 
Dedos que decoram os sentidos
engolem os gemidos
de um corpo a suar
Dedos que rebolam,violam e exploram
atolam na terra úmida
de flores a desabrochar
Dedos que produzem do amor o nectar
da flor desabrochada
entregue e aberta
que se deixa explorar.
Dedos do outro
teus dedos afoitos
A me devorar
(Erikah Azzevedo)

Por que já dizia Cervantes: "Até a morte, tudo é vida" ainda que em vida se morra tanto.
Sejamos esse renascer constante, essa força errante, esse olhar no adiante de si mesmo.
Plena de desejos, cheia de idas e vindas, recomeços e partidas...agradecimentos! contemplo mais do que o momento, o movimento...a vida que segue. A vida que sigo aqui dentro...

(Erikah  Azzevedo)

Gosto de gente que carrega em si suavidade de brisa matinal, tem sempre um tapete de margarida a beijar os pés, passos que florescem caminhos, caminhares que vão plantando sementes e colhendo frutos sempre doces e macios pela frente.

Gosto de gente que tem cheiro de manhã de primavera, de botão se abrindo em flor, pétalas...
Gosto de gente que sabe escancarar a janela da alma , arejar a casa , renovar–se em ar, sentir-se forticar, receber amor do outro e ao outro se doar.
Gosto de gente que carrega chuva nos dedos que é pra arrefecer todo fogo que vai dentro numa febre do sentir.
Gente que carrega uma dose extra de mel pra combater o azedume dos dias, dessa gente em que a doçura contagia.
Gosto de me debruçar em pessoas assim, nessa gente onde a fé sempre impera, onde a alegria prospera e bondade prolifera...
Gosto de sentir a atmosfera , contemplar cada paisagem do viver

Gosto de ge
...Erikah Azzevedo...


A vida é mesmo ciclica,
cheia de amanhãs que também são ontens.
O tempo segue e me confunde

(Erikah Azzevedo)


Sinto-me radiosa, estrondosa, radiante por viver...confiante , aspirante e consonante em ser.  Eu sei, é sobre mim que a vida põe suas asas, e eu vô(o)u ...
Nesse átimo de segundo suspensa ao céu vejo-me graciosamente breve, embriagadamente leve,  solta ao vento, colibri que desliza  no  próprio céu do sentir... e me entrego toda!

Só sobrevivo como pássaro.

(Erikah Azzevedo)

O Carteiro e o Poeta


" O Carteiro e o Poeta "

Foi nessa idade que a poesia veio me buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não ,não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas ,da rua fui convocado
Dos galhos da noite 
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado

(Pablo Neruda)