quinta-feira, 19 de julho de 2012

OS OLHOS


Há um ritual nos seus olhos
amendoados budistas
retocados durante séculos 
com nanquim e com nuvem.

Há uma descoberta nos seus olhos
que sorriem primaveras-de-noite
e passeiam no rosto-moldura
como borboletas de luz.

Há um atavísmo nos seus olhos
onde eu plantei minha estrela
para que germinassem universos
nos intervalos do amor.

Há uma angústia nos seus olhos
sofrida pelos samurais de louça
que construíram o arco-irís
entre as lágrimas e o sorriso.

Há um cataclismo nos seus olhos
onde meus olhos camicazes
mergulham com adeuses de vidro
quando se parte ao carinho !  

 (Alvarez de Azevedo)

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